Lendo um poema de Drummond, deparei-me com essa frase: ''O homem atrás dos óculos e do bigode''. Frase que me deixou intrigada, por sinal. O que o poeta quis dizer com isso? Ou melhor, o que ele queria que o leitor pensasse ao ler isso?
Parei. Pensei. Refleti.
Quantas vezes nós somos homens e mulheres atrás de óculos e de bigode? Quantas vezes nos escondemos de nós mesmos? Quantas vezes nos escondemos por detrás de nossas aparências? Quantas vezes nossa essência é esquecida? Quantas vezes nos deixamos influenciar e somos levados pela opinião dos outros? Quantas vezes não permitimos que nossa alma transceda nosso corpo? Quantas vezes abandonamos nossos sonhos por medo do que os outros vão pensar? Quantas vezes ignoramos nossos sentimentos mais profundos e verdadeiros por puro orgulho ou vaidade? Quantas vezes nosso ''ter'' transpassa nosso ''ser''? Quantas vezes exigimos que o outro seja aquilo que ele não é? Quantas vezes o egoísmo nos prende em um corpo que não nos pertence? Quantas vezes deixamos de ser nós mesmos? Quantas vezes?
Bárbara Carneiro
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